terça-feira, 13 de maio de 2008

RAIMUNDO CORREIA

Mal Secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa.

* Raimundo Ferreira compunha a triade parnasiana com Olavo Bilac e Alberto Oliveira.
Um dos mais lidos poetas parnasianos, neste texto, um soneto (2-4º e 2-3º) uma das várias
metáfonas da época - o sentimento maldoso, digamos por ora... Leia mais durante os acessos ao sitio tendaliteraria@hotmail.com

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